Milkshakes

"Daydream delusion 
Limousine Eyelash 
Oh, baby with your pretty face 
Drop a tear in my wineglass 
Look at those big eyes 
See what you mean to me 
Sweet cakes and milkshakes
I am a delusion angel 
I am a fantasy parade 
I want you to know what I think 
Don’t want you to guess anymore 
You have no idea where I came from 
We have no idea where we’re going 
Lodged in life
Like two branches in a river
Flowing downstream
Caught in the current
I’ll carry you. You’ll carry me
That’s how it could be
Don’t you know me? 
Don’t you know me by now?"

Obrigado por me dares a conhecer o mundo.

Devias

Devias amá-la,
Um amor daqueles só se recebe uma vez na vida!


Um prazer cultivável aos 80 anos

Tenho assistido a coisas fantásticas na minha vida, umas melhores, outras nem tanto, mas mesmo sendo elas positivas ou negativas, têm tido muita influência na maneira de como vejo e encaro a vida. Hoje vou contar-vos a situação que, até hoje, me tocou mais.
Eram um casal totalmente igual a todos os outros, pelo menos para mim. As pessoas, e quando falo em pessoas refiro-me às mais velhas, na mercearia comentavam que ela era uma pessoa muito astuta, “mandona” mas boa pessoa. Sempre educou muito bem os seus filhos, até porque hoje eles são pessoas notórias, “grandes” pessoas, ou seja, pessoas que estão bem na vida e exercem cargos importantes, tornando-os pessoas influentes no seu ramo de trabalho. Os seus filhos, foram educados nas bases e rituais dos antigos, o respeito total aos pais e a fraternidade para com os irmãos. Em casa, segundo o que consto, quem “mandava” era ela, ela comandava a casa, mas sem tirar, como é obvio, o papel do pai, que vinha a ser desempenhado a complementar as ordens da sua esposa. O casamento, foi uma coisa quase obrigatória, mas ao contrário da maioria dos casamentos da época, este trouxe consigo o verdadeiro objetivo do casamento, o amor, esse existiu sempre e foi talvez o que tornou aquele casamento o mais bonito de todos. Eles amavam-se e eu mesmo sem conhecer a 100% o casal retiro esta conclusão, porque a situação que eu vos vou contar dá, obrigatoriamente, a tirar esta conclusão.
Eu fui à mercearia perto da minha casa, haviam de ser duas da tarde, e essa senhora entrou lá ao mesmo tempo que eu. Nesse dia, ela estava a contar aos donos da mercearia que não estava melhor (deduzi que andava doente) não se andava a sentir bem e que temia o pior, como é óbvio, disseram-lhe para não exagerar, que não era nada de mais poderiam até ser coisas da idade, talvez.
 Na altura não dei muita importância à conversa, não só por não ter confiança com a senhora, mas também porque é hábito (e desculpem dizer isto) as pessoas da 3º idade queixarem-se disto e daquilo, e ainda por cima como estávamos na mudança dos nevoeiros para os dias solarengos, isto poderia fazer-se notar nas suas articulações e daí os seus queixumes.
Mas mal eu sabia, que a mudança do tempo, nada teria a ver com as suas queixas. Dias depois vim a descobrir que a senhora faleceu, ela já de nova tinha sido operada ao coração, tinha, atualmente, vários problemas cardíacos, e talvez tenha sido essa a razão da sua morte. Vocês devem estar a perguntar-se porque estarei eu a dizer-vos isto, sim é verdade, morreu mais uma pessoa, tal como neste instante terá morrido outra, mas onde eu quero chegar é à parte da forma como ela partiu. Eu não deveria dar tanta “importância” a este facto até porque à quem morra de forma mais comovente (se é que posso chamar à morte comovente) mas esta senhora, morreu nos braços do marido, já de noite. Eu não vos posso contar aquele rol de procedimentos que antecedem à morte mas se vos pudesse contar vocês também se arrepiariam e ficariam petrificados com os acontecimentos, vou só dizer-vos que ela morreu nos braços do marido e que antes de morrer deu um suspiro e pronunciou o nome dele. Vocês devem estar novamente com cara de indignados, como quem, wow, grande coisa, ou até mesmo, já vi pior. Mas eu digo-vos, ainda à mais. O senhor acabou por perceber que a sua esposa faleceu, fez-se todo aquele procedimento à morte, e no dia do funeral da senhora, o senhor foi à mercearia onde a mulher ia lá regularmente onde até tinha criado laços afetivos, e sentiu a necessidade de conversar com a dona da mercearia, entretanto, entrou um outro sujeito dentro da mercearia e ao ouvir toda aquela conversa perguntou ao idoso se era viúvo, este respondeu-lhe já com as lágrimas a correr-lhe no rosto “Sim, sou viúvo há um dia. Perdi uma grande mulher. A minha mulher era uma grande mulher. Ela podia ser má, podia ter os piores feitios do mundo, mas era uma grande mulher e soube educar os meus filhos, e agora partiu.” Digam-me, agora, o que pensar acerca deste nobre casamento. Nas vossas cabeças podem ocorrer coisas do género: lamechices, tretas, velhices etc. Na minha ocorre simplesmente a existência de um grande amor, um amor que correspondeu a mais de metade da vida de cada um deles, e depois de tudo aquilo que eles passaram (que vocês não têm a oportunidade de saber) eles permanecer juntos até que a vida os separa-se. Desculpem se não vos surpreendi, ao contrário disso, eu chorei esta morte como se a tivesse presenciado bem de perto, não há nem haverá tantos casamentos como este. Este casamento soube cultivar o amor, colher os frutos, sobreviver às pestes permanecendo fortes e juntos mesmo com entraves, mesmo com dificuldades, a promessa que se fez aos céus e a deus foi cumprida. RIP

Apelo à ignorância.

memories from 12.04.2012


"Tenho-me deparado com casos um tanto incrédulos onde, por vezes, me apetece fugir para outro planeta, mas é nessa tentativa de fuga que descubro duas coisas: não existe outro planeta, e fugir, tornando invisível a situação, não resolverá nada. A questão é a seguinte: tenho andado a “lutar” há coisa de 3 anos pela intervenção dos jovens no dia á dia, a partir do Parlamento dos Jovens, do Entre Palavras, de projetos escolares, ou até mesmo tendo conversas com alunos mais novos. Em algumas dessas batalhas saio vitoriosa e consigo pegar em “duas ou três almas” e chamá-las à atenção do mundo que existe lá fora e precisa da nossa preocupação, no entanto, também tenho derrotas onde vejo pessoas totalmente desinteressadas sobre aquilo que se passa à sua volta. Eu não sou muito exigente, às vezes só peço uma opinião ou uma sugestão, a resposta é sem dúvida um olhar repugnante ou então um belo: “não quero saber”. Eu sei que nem toda a gente tem “pachorra” para estes assuntos mas acho triste que os jovens não usem os momentos que têm para mudar e deixar o mundo um bocado melhor, isto faz-me um bocado de confusão porque muitas vezes esses momentos até chegam a eles quase que vindos do céu. Não me vou surpreender que daqui a uns anos tenha a imperfeita visão de cidadãos revoltados porque algo não está como eles querem, não me vou admirar, porque sei que eles tiveram muitas oportunidades de o fazer e não o fizeram por o simples facto de existirem coisas (que me ultrapassam) mais importantes que dar um parecer ou uma simples opinião, porém, deixo os meus mais sinceros agradecimentos a todos aqueles que contribuem para melhorar o mundo, mais que não seja, por saberem dizer não quando é preciso dizê-lo e por ficarem suscitáveis quando algo não corre bem. Obrigado por participarem de coração aberto em causas nobres, por se interessarem nas tertúlias politicas e sociais, por lutarem para um futuro melhor, por não desistirem dos nossos direitos e è claro, por cumprirem os vossos deveres."

E um dia nada estará certo...

memories from 24.04.2012


"Ela não deseja muito mais do que aquilo que sabe que pode ter. A exigência serve-lhe em bandeja de ouro, durante dias a fio, uma inavegável bússola de orientação no seu imenso mapa, naquele que, mesmo sendo dela, não o interpreta como tal. Não é uma rapariga perdida, não se autogoverna por as intempéries do coração, segue sempre a sua razão, sendo esta, influenciada por o sentimento que agora é incerto e outrora foi correto. Ela é inconstante. Ela muda, tal como as luas; ela luta, tal como os soldados; ela desaparece tal como o vento, mas continua a ser ela e será sempre ela. Para ela a vida é exatamente como o pôr-do-sol que tanto venera, este não dura para sempre e por vezes pode ser radiante e alaranjado, assim como vazio e monótono, mas ainda assim, acha-o fantástico por o poder contemplar, sozinha ou até mesmo acompanhada pela solidão. As incertezas, apesar de muitas vezes camufladas por o flagelo que guarda no semblante das memórias, são postas à prova. São espinhos em rosas, são balas em feridos, são canhões em guerras e são dores em enfermos. Estas podem ser o trunfo, no jogo da vitória e da derrota, que a leva à incerteza de caminhar sobre um fio, ou sobre o próprio vazio. Não é escuro mas também não é óbvio, é simplesmente aquilo que ninguém, algum dia, ousará desvendar. Não é um ninho de cobras, não é um ninho de aves, é simplesmente o mais belo segredo que alguma vez se terá visto. A incógnita da sua própria existência, leva-a a cometer o pecado que é descrito como imortal, a diferença entre o igual e o desigual, origina em si a obsessão de ser imortal tal como o pecado que a tenta. Ela crê em histórias de amor, em verdadeiras histórias de amor, no entanto, sabe que lhe passam ao lado como o vento, e que as intempéries da felicidade conspiram contra si, fazendo voar todo o motivo que existe no mundo para ela ser feliz, mas tal como soldados, e estes não são de chumbo, ela luta como se não houvesse amanhã, ela procura e busca como se fosse um cão de guarda. As pessoas, aqueles que tanto a rodeiam, podem considera-la como louca, impertinente, infeliz e talvez quem sabe, sozinha, mas a verdade é que tudo isso é mesmo verdade e que nada disso a aflige, pois a vida que lhe foi dada no momento em que nasceu, foi-lhe também roubada. Mas afinal, quem será esta caricata personagem, que vive no mundo limiar e incerto da existência e da “não existência” da vida? Não é segredo, não é mistério, essa pessoa é nada mais, nada menos, aquela que profana as palavras em terceira pessoa, tentando esconder do mundo aquilo que um dia foi descoberto."

Grãos de café ao invés de estrelas...

memories from 24.05.2012


"23:32h - Café
Eu pensava que a noite ainda era uma criança, quando de repente ela se torna num palco, num palco livre, onde qualquer pessoa pode ser a personagem que quiser e bem entender. Gosto de observar como as pessoas se comportam de maneira previsível e desinteressante, enquanto perdem a dignidade ao tentar mostrar o que jamais terão condições de cultivar e de ser. Vejo, não pessoas durante a noite, mas sim um verdadeiro zoológico de arrogância e vaidade, reparo que ainda existe réstia daqueles que se afundam no fastio de si mesmos, por não encontrarem alternativa. Mas, porque deveria eu gastar o meu precioso tempo com estas futilidades? Cheguei há pouco mais de 30 minutos, algumas estrelas já me avisaram que a tal noite, a que é palco de todas as cenas, vai acabar e que não tarda nada o sol vai-me chamar para viver, concluo e assento com a cabeça que após isso, cada ser voltará à sua rotina, com mais uma carga de fazeres ao tentar lembrar-se do que se passou na madrugada. Eu, como mentora crítica aos defeitos que vejo, simplesmente vou levantar-me, espreguiçar-me, sentar-me à mesa, beber o leite quente e comer as torradas de manteiga."

Corações suspensos no ar

memories from 18.10.2011

"(...)
Não tenho a certeza, mas eu acho que ainda hoje, se fechar os olhos, consigo ouvir o som da tua respiração, a chuva a cair, e o meu dedo a fazer um coração suspenso no ar, apenas para que o vejas e saibas que amar já não é somente amar."

Somos feitos da mesma matéria.

Podemos contrariar aquilo que a nossa cabeça pensa e podemos evitar dizê-lo. Não podemos evitar senti-lo porque está dentro de nós e corrói-nos até ao osso, mas como somos mulheres, podemos dizer que não amamos, mas na maioria não corresponde ao que sentimos, podemos dizer que esquecemos, mas todos os dias nos lembramos e podemos dizer que não queremos mas de certeza que o desejamos. Esta é a grande diferença entre o homem e a mulher. Eu apelo aos seres incomuns mas que em tudo se completam. No geral nós precisamos deles, e eles de nós, mas como em tudo na vida, somos sem dúvida alguma, o azeite e água, podemos misturar-nos, mas NUNCA será a mistura homogénea e perfeita. A mulher reina na delicadeza, na pureza, nos pormenores e na sensibilidade. Tem consigo uma paz e uma força sobrenatural. Cuida e retrata, pensa e age por impulso em consequência de uma dor. O homem sobressai na força e no caráter de posse, têm uma ideologia completa e restringe-se ao básico. Não sofre por antecipação, têm um instinto de sobrevivência bastante apurado, antes de pensar AGE e protege ao máximo o que é seu de natureza. Esta é a minha ideologia de sexos, com diferenças e sem nenhuma semelhança, são dois seres bastante distintos, não se restringem quando se atraem mutuamente, criam a química e formam a física. Têm o poder de mover o mundo, são seres completos e monstruosamente magníficos, somos humanos, somos homens e mulheres. 

Cantamos em uníssono.

B Fachada - O Desamor

Fomos à Escócia e voltámos, loucos por ficar a sós
fomos mas nunca chegámos, a sair do meio de nós
Mas a Escócia que gostámos, capadócia que cavámos
Não nos deu o que esperámos quando pensámos ser avós 
Fomos à Escócia e deixámos, três amores cada um
E o que da Escócia tirámos, foi estar sem amor nenhum
Ir e vir foi um regalo, o desamor sem força-lo
Mas se tão longe o buscámos, é que já tinha havido algum

Não me leves tu a mal
Não me tentes convencer
que o que havia em Portugal não chegava para saber
Dei-te um mês da minha vida e um mês é de valor
e tu podes ser bastante querida mas não é preciso dor
para provar o desamor

Por desamarmos deixámos, seis amores sem ter dó
e agora que regressámos, não sei se nos sobram só
É que havia certa esperança que podia ser só dança
Mas afinal a bonança era apenas beijo em pó

Não me leves tu a mal
Não me tentes convencer
que o que havia em Portugal não chegava para saber
Dei-te um mês da minha vida e um mês é de valor
e tu podes ser bastante querida mas não é preciso dor
para provar o desamor

Make a tree grow.


Plantei uma árvore. 
Chamei-a de Cornélia, a Imperatriz de todas as Vontades!

FP

“Dá-se em mim uma suspensão da vontade, da emoção, do pensamento, e esta suspensão dura magnos dias. (...) Nesses períodos de sombra, sou incapaz de pensar, de sentir, de querer. (...) Não posso; é como se dormisse e os meus gestos, as minhas palavras, os meus atos certos, não fossem mais que uma respiração periférica, instinto rítmico de um organismo qualquer.”

És tão castiça



Os meus dedos sobre a mesa...
Uma chávena de chá...
António Zambujo como melodia...
A janela nem aberta nem fechada...
Uma mosca no cesto das laranjas...
A cortina bege sujo que eu não gosto cambaleia numa dança com o vento...
Na rua uma brisa...
Na minha alma um vazio...
Da tua boca um silêncio...
Da minha um suspiro...

Quando é que voltas?
Estou cansada de memórias!

Estudar e Relaxar não tem de ser como a água e o azeite.

Quando não tenho tempo para me dedicar a mim mesma, à minha mente ou ao meu ócio, porque estou cheia de trabalhos ou coisas para estudar, faço algo que equivale a uns minutos de meditação e que ao mesmo tempo me ajuda a relaxar: abro a janela do quarto, inspiro profundamente, fecho os olhos e deixo-me ficar ali por alguns minutos. 
É tranquilizante porque acabamos por nos fundir com o meio e no meu caso está virado para um parque, com um lago e muitas vezes ouve-se a água a correr. É relaxante, e ao mesmo tempo sinto que me estimula psicologicamente e fisicamente. 

Por vezes estou 2h ou 3h seguidas, sentada na cadeira, a ler livros, a tirar apontamentos, a estudar ou a fazer pesquisa e chega a uma altura em que leio um parágrafo e já nada se retém no cérebro, é então que faço uma pausa.
Pessoalmente sinto que é um excelente exercício para manter o equilíbrio espiritual e neste caso é fundamental para os meus níveis de concentração.

Desde que começou a Universidade sinto que a minha capacidade de concentração durante o estudo, comparativamente com o secundário, tem vindo a diminuir, muita da "culpa" sei que se deve à complexidade dos livros, das temáticas ou até das matérias, porém tenho de arranjar uma maneira de contornar a situação e este tipo de exercícios tem me ajudado imenso.

Outra coisa que descobri, e que por sinal também me tem ajudado imenso, é organizar o meu tempo de estudo. Eu detesto andar com "o tempo contado", ter de respeitar horários e coisas do género sempre me fez confusão, sinto-me um bocado presa (aiii agora às 14h tenho de fazer isto; às 16h acaba isto e depois tenho de ir ali...).
Contudo no que diz respeito ao estudo este método tem sido essencial e sinto-me na obrigação de o aplicar porque tenho muitas mais coisas para estudar/ler e ainda tenho de conciliar com o trabalho ao fim de semana, logo tenho de fazer o esforço.
Como o meu curso é essencialmente ler artigos, livros, estudos, etc eu estabeleci um número de páginas que tenho de ler por dia até à data limite, assim tenho que respeitar aquela meta e consigo em pouco mais de duas horas pôr a leitura em dia e arrumar com o assunto. 

Nunca tive um método de estudo, e nem sei se isto é considerado um deles, porém se na secundária nunca tive a necessidade de estruturar um plano, agora na Universidade é a minha tábua de salvação. 
O tempo rende muito mais, não tenho de passar horas infinitas à volta de um texto e tenho tempo para fazer outras coisas.

Uma passo de cada vez e um dia chego lá.

To your health

Ainda não abri os olhos mas sinto que nasceu outra vez um mundo mágico pela manhã, mas só se se percebe se estiver de olhos fechados
Naquele instante tudo é mais intenso, mais concreto e eu estou mais sensível.
Imagino o movimento dos lençóis que acompanham a minha respiração. Inspiro e expiro. Sobem e descem. Não ouço mais nada a não ser as canções "madrugadeiras" dos passarinhos. Doces e singelas melodias, são ténues notas musicais que ecoam entre folhas e suaves sopros do vento.


Sentir isto revigora o meu dia, carrega as minhas baterias. Anima a minha alma e a minha mente. 

O meu coração bombeia o sangue, o sangue palpita nas minhas veias, as minhas veias são trilhos e estes trilhos tranquilizam-me. Sinto-me viva.

Neste instante eu estou sozinhas mas estou plena. Mais nada importa a não ser a tranquilidade do meu espírito e a plenitude da minha mente. Sou um eco.

Vou comer framboesas ao pequeno almoço e vou beber um iogurte líquido. Vou mudar o meu percurso e hoje vou pelo jardim. Vou ter um dia calmo. Vou ter um dia calmo.

Hoje as dificuldades do dia não me afetaram tanto, não tive dificuldade em adormecer, nem me custou a acordar, o meu nível de concentração subiu e sinto-me mais calma interiormente, sinto vontade de sorrir. Acho que nunca senti isto.

Estou bem comigo mesma.

He is such a beautiful human being.


“Grow up with me. Let’s run in fields and fear the dark together. Fall of swings, and burn special things, and both play outside in bad weather. Let’s eat badly. Let’s watch adults drink wine and laugh at their idiocy. Let’s sit in the back of the car, making eye contact with strangers driving past, making them uncomfortable. Not caring. Not swearing. Don’t fuck. Let’s both reclaim our superpowers; the ones we all have and lose with our milk teeth. The ability not to fear social awkwardness. To panic when locked in the cellar; still sure there’s something down there. And while picking from pillows each feather, let’s both stay away from the edge of the bed, forcing us closer together. Let’s sit in public, with ice cream all over both our faces; sticking our tongues out at passers by. Let’s cry. Let’s swim. Let’s everything. Let’s not find it funny lest someone falls over. Classical music is boring. Poetry baffles us both; there’s nothing that’s said is what’s meant. Plays are long, tiresom, sullend, and filled; with hours that could be spent rolling down hills, and grazing our knees on cement. Let’s hear stories and both lose our innocence. Learn about parents and forgiveness, death and morality, kindness and art, thus losing both of our innocent hearts, but at least we won’t do it apart. Grow up with me.”
Keaton Henson

Mudar de ares.

Dentro de poucos dias vou viajar. Vou visitar o sul de Espanha. É a nível académico mas estou empolgada porque a nossa visita tem uma forte vertente cultural. Vamos ver vários vestígios árabes marcados na cidade, visitar algumas sinagogas e bairros tipicos. Vamos visitar Granda, Andalucía... Descontraidamente até porque temos um guia turísticpo só para nós. Estou mesmo intusiasmada. São apenas 4 dias mas vão ser bem aproveitados. Acho que é o que estou a precisar. Sair um bocado daqui, tanto de Braga como de Viana. Preciso de carregar baterias e espalhar a cabeça, sempre detestei rotinas e isto da universidade faz-me viver uma que me sufoca todos os dias. Acho que me vai fazer bem a todos os níveis até porque só voi com uma amiga não muito próxima. Vou fugir das más energias, das pessoas em geral, vou esquecer estas banalidades e preocupações fúteis da universidade, vou dedicar 4 dias à minha mente.

Amendoins com manteiga




" -Queres um bocadinho?
-Eu não gosto de manteiga de amendoim.
Já alguma vez provaste?
Não. Mas eu não gosto do cheiro.
E o que é o que o cheiro tem a ver com o sabor?
Tem tudo a ver! É super importante. Eu só gosto de ti porque cheiras a Lavanda. 
Tá bom então."

Perdi-te no comboio



Honey you're familiar, like my mirror years ago

Idealism sits in prison, chivalry fell on its sword
Innocence died screaming, honey ask me I should know
I slithered here from Eden, just to sit outside your door

Simbiose perfeita

Toda a moeda tem um reverso. Toda a roupa tem um inverso. E todo o bem tem um mal. O dia é a minha fonte de energia e eu falo, caramba como eu falo. E penso. Penso. Leio. Estudo. Corro. Como. Ouço música. Danço. Choro. Rio. 
Mas à noite sou um inverso, um oposto talvez, e fico taciturna. Eu fico assustada com isso. Sou uma simbiose perfeita e eu tenho perfeita noção disso. O que é ainda mais assustador. No exato momento que vejo o sol deitar-se tento absorver tudo dele, como se pudesse guardar um reservatório de energia para depôs usá-la como escudo. É como se a noite me conssumisse e eu me tornasse simplesmente num ser volátil adquirindo grande parte das suas propriedades. Como eu gostava que fosse diferente. Que o sol nunca desaparecesse. Que as cores fossem mais do que meros tons escuros e escuros e escuros. Que a claridade fosse tal que me pudesse cegar. Ao invés sou gelo. Sozinha. Fúnebre. Eu nem sei o porquê, e talvez venha daí o meu medo, por muito que tente encontrar uma solução que me conforte não o consigo fazer. É por isso que sou noctívaga, tento canalizar o meu medo e escrevo. Deambulo. Penso. Mas na verdade simplesmente escrevo. Vagueo pelas palavras tornando-as inócuas, legitimando assim a minha ousadia e talvez a minha força. A que não existe. Ou será que existe? Eu fico confusa e com medo. É como se fosse uma prisioneira deste poço escuro. É por isso que eu adoro a luz. O dia. A vida. O vento. Os sentimentos. A folia. A adrenalina. É por isso que vivo. Pela luz. Pelo sol. E um pouco pelo universo. Eu nunca consegui falar ou expressar isto, já tentei procurar uma saída mas ela só é útil por um pequeno espaço de tempo. Depois o caminho volta a ficar tortuoso e eu tenho de voltar a arranjar uma maneira de me soltar. Isto é insuportável, porque é assustador e perigoso. Cansativo. 
Quando me começo a habituar eu deixo de ter tanto medo, acho que é aí que adormeço e que a batalha acaba. Mas a guerra continuará em breve. A melhor parte é  o que se atravessa nesse limbo, o dia. E é aí que eu recarrega baterias, atesto o reservatório e me preparo para outra batalha. Eu acho que um dia vou ganhar a guerra. Um dia eu vou ganhar. Um dia. Ou uma noite. Por enquanto vou vivendo neste corpo e nestes dois mundos. No meio destas duas forças que estão para lá de qualquer universo. 
Estou assustada, tinha de te escrever.

Amoras com amoras se paga.


Quando chegamos a esplanada estava deserta, o tempo era ameaçador mas como tu exploras o mundo nem te atreves a negar a chuva, se chover tu fazes de guarda-chuva. Quero um chá. De frutos silvestres. Sem bichos selvagens nem elefantes. E eu quero um café. Da Arábia. Docemente moído. Muito curto como a mini-saia das meninas no Verão. Sem açúcar. Tenho diabetes. O ar cheirava a musgo molhado. Encontramos uma borboleta e filosofamos sobre a casualidade das coisas. Fizemos de conta que era-mos árvores e descobrimos que ser uma é chato. Imitamos um relógio durante 1 minuto. Criamos um monólogo para o botim daquela senhora e gargalhamos. Chegou o chá. Chegou o café. Ouvimos a rádio. Uma Adele melancólica. Isto deixa-me triste. O inverno devia ser tão colorido como o Verão. E é. Queres que te compre um guarda-chuva colorido? Não acabamos a conversa. Fiz de propósito. E tu também. Obrigado pelos King of Convenience. AI DE TI QUE SONHES LOGO À NOITE. Sorri, o que é isso sonhar?

To infinity and beyond



“A human being is a part of the whole called by us universe, a part limited in time and space. He experiences himself, his thoughts and feeling as something separated from the rest, a kind of optical delusion of his consciousness. This delusion is a kind of prison for us, restricting us to our personal desires and to affection for a few persons nearest to us. Our task must be to free ourselves from this prison by widening our circle of compassion to embrace all living creatures and the whole of nature in its beauty.” ― Albert Einstein

The Dreamers


The Dreamers é talvez um dos filmes mais inspiradores que vi até hoje. Se me pedirem uma sugestão para ver um" filme a minha opção recai sempre para o "Inception", para "Into the Wild" ou até mesmo para "Frida Kahlo" ou o cliché policial "Codigo Da Vinci". Porém a minha bagagem cinematográfica é bastante ampla e vai desde uma Angelina Jolie em ação até um Nicholas Sparks lamechas, e tendo uma vasta panóplia de escolhas existem de igual forma filmes como este [The Dreamers], "Hard Candy" ou "Eternal Sunshine of the Spotless Mind" que me fazem pensar infinitamente em várias banalidades. Dizem que o cinema é um entretenimento fácil e que serve para educar as massas mais urbanas, como uma telenovela. Contudo a minha opinião é um bocado diferente, o cinema obviamente que tem o lado de entretenimento, ocupacional, eu mesmo o uso muitas vezes com esse efeito, porém é ao mesmo tempo muito mais que puro entretenimento e é preciso ver as coisas além delas, como se fossem um vidro. The Dreamers é esse mesmo vidro e apesar de à partida a mensagem ser muito assertiva e objetiva, por trás de pequenos frames é possível extrair pensamentos transcendestes. Eu adorava conseguir partilhá-los com vocês, porém tal não me é possível porque a complexidade do meu pensamento deixa-me presa nesta complicada teia de raciocínio. Partilho com vocês um dos meus pensamentos mais simples, e após a visualização do filme e de uma interessante discussão acerca do mesmo perguntei ao vazio o porquê de existirem janelas, é como se fôssemos pássaros... mas eu questiono-me: se somos pássaros porque não voámos?!? Estou tola? Quem disse que não voamos? No filme eles comprovam que voamos. Na Louvre, na banheira, no quarto, na manifestação, no cinema, na rua à chuva. Só que NINGUÉM acorda para voar... dizem-nos que não temos asas e então andamos. Mas será isso verdade?

Galinha rara com penugem de falcão.

O importante é conseguir descobrir dentro de cada alma a verdadeira essência. A maior parte das pessoas tem-la presa dentro de um corpo mecânico, que sugado por uma rotina citadina não se expressa e simplesmente vive à deriva, deixando-se levar pela maré.
Cabe a cada um de nós cativar essa magia prisioneira e chamá-la para o mundo, para que brilhe tanto como as estrelas, para que se evapore com o chá quente, para que nas asas dos pássaros veja aquilo que pode conquistar e sorrir com aquilo que foi conquistando. 
Eu já parti pelos bosques à procura de umas magias e de umas poções de libertação, cheguei a visitar a lua e o universo. Algumas investidas foram com sucesso, porque já consegui umas dissertações e devaneios da sua parte... agora estou a decidir se lhe peço para sair ao mundo a partir da cabeça ou do coração. Estou confusa.

É verão? Sinto-me como se fosse Inverno.




Nunca é a hora, nunca é o tempo necessário e nunca estamos preparados.

É doloroso de mais ver alguém partir mas é ainda mais doloroso ver alguém ir embora sem dizer um adeus, ver alguém caminhar sozinho e deixar para trás tudo aquilo que se construiu durante uma vida que tão pouco durou. Dói ver partir alguém que está connosco todos os dias da nossa vida, que nos segura a mão quando o mundo desaba, que nos beija a testa quando a noite chega e que resmunga connosco quando chegamos tarde a casa. Dói. Dói muito. Porque isso nunca mais voltar e os humanos, em toda a sua estupidez humana agarram-se ao físico, ao necessário e ao sólido. Aos abraços, aos olhares, aos mimos ou até mesmo à mais silenciosa presença, mas agarram-se e dói porque ESTAVA LÁ, não falavam um com o outro MAS A PESSOA ESTAVA LÁ e isso era o suficiente. E quando de repente damos conta essa pessoa, essa alma foi-se embora. Não disse adeus, não disse para onde ia nem tão pouco me convidou a ir consigo, apenas foi. E nunca mais voltará. 

Dói mais para quem vai ou para quem fica? 
Para quem parte ou para quem partiu? 
Para quem chora ou para quem cala? 

Não se sabe. Apenas dói. E dói com uma intensidade tão grande que só apetece abrir o peito, arrancar fora o coração e deixá-lo longe para não causar mais dor no meu corpo, ou na minha alma ferida. É uma dor cansativa e uma dor insuportável que traz consigo o vazio e o inverno para dentro da nossa alma e para cada esquina da nossa vida. Erguemos um sorriso para fazer de conta que está tudo bem, para dizer ao nosso coração que deixe de doer tanto, para evitar chorar mais e para parecermos fortes, mas a verdade é que é tudo uma capa, uma capa que colocamos sobre os ombros para parecermos heróis, demonstrando que nada nos magoa, nada nos afeta, que estamos bem e que vai ficar tudo bem. (suspiro). Mas não está tudo bem. O mundo está a desabar, somos crias bebés desamparadas longe da sua progenitora e só procuramos um porto seguro onde ancorar, onde chorar, onde gritar. Estamos em dor e em constante sofrimento. Já não sabemos quem somos nem o que fazemos, não sabemos para que servimos nem para que existimos se tudo aquilo que mais amamos na vida nos foi, traiçoeiramente, retirado. A vida já não é justa para nós e Deus já não existe. Só à lugar para dor e tempo para lágrimas, a companhia é o silêncio e a roupa um amontoado de trapos sem sentido e sem lógica. Mas ao contrário de tanta dor ainda acreditamos, bem no fundo da nossa alma, que um dia tudo vai ficar bem, vamos acabar por concluir que nunca mais nada vai voltar ao normal, mas ainda assim vamos seguir em frente. Sabemos ainda que de vez em quando vai doer e vamos sentir saudades e vai nascer nas janelas do mundo rios e oceanos a querer rebentar pelo rosto abaixo mas depois vamos voltar ao real e vamos aperceber-nos que mais tarde ou mais cedo vamos voltar a reencontrá-los e que a saudade e a dor foram apenas mais umas pedras no meio do caminho. 

E um dia, após muitos outros dias, vamos conseguir encontrar a força na dor, vamos olhar à nossa volta e ver que o mundo tem ainda mais para nos dar do que aquilo que tinha antes, a própria vida vai ganhar um sentido diferente e vamos querer vivê-la a dobrar, porque é quase que um favor que lhe vamos fazer, viver pelos dois. Nessa altura chega a essência daquilo para que nascemos um dia, e cada um de nós, a dada altura, vai perceber o seu verdadeiro lugar no mundo. Não vai ser fácil, mas um dia vamos chegar lá.

Libertar o corpo.

Há formas básicas de meditação que todos nós podemos experimentar inicialmente, sem depender de outra pessoa ou de uma ajuda profissional. São pequenos passos que numa fase inicial nos ajudam a preparar a mente, a acalmar o espírito ou a relaxar o corpo. Podes começar por sentar-te numa cadeira, no chão, no sofá ou no jardim, importa que estejas confortável e que o ambiente seja calmo e silencioso. É necessário teres cuidado para não seres perturbado nem interrompido durante pelo menos quinze minutos. Os teus pés devem sentir o chão e as tuas mãos, bem relaxadas sobre as coxas. Se preferires, também podes fazer deitado. 
Depois de estares confortável vai fechando com suavidade os olhos e relaxa por completo o corpo. Deixa que os teus músculos descansem por completo. Comece com 3 respirações profundas, que ajuda a soltar a tensão. Aos poucos vais acabar por sentir o stress a sair dos teu ombros e vais sentir-te cada vez mais relaxado. Aos poucos vai aliviando a tensão de cada parte do teu corpo, começando pelos pés, subindo devagar até chegar a cabeça. Não te esqueças das costas e dos ombros, geralmente são duas das zonas onde acumulamos mais tensão. Respira profundamente pelo nariz e vai concentrando-te na respiração até que se torne suave e regular. O objectivo é que a tua atenção esteja na tua respiração. Caso isso não aconteça e comeces a ser inundado pelos teus pensamentos, simplesmente foca-te na tua respiração. A partir daqui, e uma vez que o teu corpo esteja mais relaxado e livre energias negativas deixa que a tua mente se concentre em ti. Naquilo que és, na tua verdade pessoal. A meditação leva as pessoas ao encontro do seu "eu" mais poderoso e essencial. Não é uma tarefa fácil de alcançar e esse é o lado bom, cada vez que meditamos temos a possibilidade de nos encontrarmos aos poucos. Ao mesmo tempo podemos aprender uma infinidade de coisas que trazem paz de espírito para a nossa vida. Aprender no sentido mais lato, mais ilimitado: aprender a amar. Amar aos outros e a nós mesmos. Esse é o reconhecimento que nos torna simplesmente divinos!

Áurea

Fico boquiaberta ao olhar para ti, para aquilo que tu és e deixas de ser do segundo para o minuto, transformaste de forma tão magnífica e tão veloz. Contemplo-te, és a minha Mona Lisa e eu sou o Leonardo Da Vinci. Eu não sei o que vejo, eu olho para ti e não vejo um corpo nem tão pouco vejo um humano. Vejo uma corda, uma corda bamba, um limbo e isso é desesperante porque eu quero ser como tu, tão livre, tão solta e tão vazia como tu. Não tens membros, não tens tronco, não tens cabeça, não tens nada, tens singelos movimentos que parecem penas suaves, parecem água a cair da nascente. O som dos teus ossos a estalar, o som do teu corpo a cair no chão, os teus pés e as tuas mãos em queda parecem música, aliás, eles fazem música, uma musica sintonizada, cravada em pautas musicais como pontes sobre terras firmes. Que sonho eu estou a ter, que visão do outro mundo é esta. Eu consigo sentir a tua paixão a sair-te dos poros, moveste com uma rapidez ao mesmo tempo deixas para trás o mais dócil movimento artístico. Isto é arte. Isto é música. Isto é amor. Isto é viver. Tu não tens regras nem leis, tens instinto por todo o lado, e tudo o que te circunda é mágico e vibrante. Energia. Energia que iluminava cidades e cidades. Parabéns, tens o poder que mais ninguém consegue ter no mundo. Estou tão perto de ti e consigo ver a forma como te distanciaste de ti e transformaste em vento, que magia é essa? Ensina-me, quero aprender! Quero ser como tu, quero praticar essa magia e ter esse poder, és magnífico. É fenomenal. Isto é ciência. É religião. É fé e talvez quem sabe seja já a minha crença. É um estado de espírito e eu quero possui-lo. Ensina-me, quero viver à tua maneira.

Lovely


A melhor super curta metragem de todos os tempos.
http://www.meandyoufilm.com/

Chapter III - Fugir ao Inevitável

Dia 10.02.2015 | 18:38h


Recentemente li um artigo perdido na internet sobre um jovem que viajou pelo mundo com apenas 1 dólar por dia. Só o título já me deixou presa à noticia e ao contrário do que esperava esta era bem sucinta e sem grande enredo, o título por si só dizia tudo o que era preciso saber, tendo ao todo um parágrafo escrito e uma fotografia do jovem.
Fiquei, como se costuma dizer, com a pulga atrás da orelha. Como é que tal poderia ser possível? Não pensei muito mais no assunto, pensei noutra coisa, que me ocorreu na cabeça após a sua leitura: Quanto dinheiro é que eu gasto por dia? 
O Walden de Thoreau está a ensinar-me uns truques/dicas sobre como fugir a esta problemática, porém é muito difícil para mim lidar com isto quando o trabalho que eu tenho é mais instável que o tempo. Tal como nos anos anteriores aconteceu, o começo do ano é sempre muito complicado porque o nível de clientes baixa e então não são precisos 4 empregados de mesa para atender 2 clientes a comerem um arroz de marisco à modo do So'Paulo. Então é durante estes primeiros meses que eu passo os fins de semana a "tocar viola" porque não posso ir jardinar com a minha mãe, nem posso ir para o restaurante porque não há trabalho. 
Face a tudo isto e supondo que durante o período em que não trabalho não entra dinheiro, como poderia eu somente gastar 1 dólar por dia?
Não poderia! O jovem certamente que mendigava refeições e arranjava empregos instantâneos em troca de alojamento, refeições, roupa lavada etc etc etc, porém não é isto que me assola a alma... Se não é possível viver com 1 dólar por dia, quanto é que é necessário? Existe uma solução? Como pode Thoreau VIVER (sim porque ele vive) sem qualquer remuneração mensal ou diária?
Esta pergunta já é mais fácil: a dica é a auto-sustentabilidade!
Vou apresentar-vos um caso muito específico:
A minha tia produz animais, produtos hortícolas e frutículas. A variedade de legumes e fruta é vasta, porém a de animais resume-se a patos, galinhas, perús, coelhos (uma ou duas vezes por ano), e um porco por ano. Três a quatro vezes por ano faz fornadas de pão e de broa, e para acompanhar ao baile o marido da minha tia é pescador e caçador, e nas horas vagas madeireiro. A juntar a tudo isto só podemos descontar o gasto que ela tem em água e farinhas para os animais, uma vez que todo o estrume e adubo para os produtos hortícolas vem dos animais e o sulfato é caseiro. Aliado a tudo isto vem ainda o excelente pormenor que ela faz trocas comerciais com outras pessoas, por exemplo, quando tem uma época de muitos ovos vende-os em que troca de uma garrafão de vinho caseiro, na altura da matança do porco pede ajuda para a matança e em troca dá cargas de lenha ou sacos de 25kg de batatas como "ordenado". 
Na minha perspetiva, mesmo que eu tivesse a "vida" da minha tia, nem assim conseguiria gastar apenas 1 dólar por dia, considerando que 1 dólar convertido em euros equivale a qualquer coisa como 0.90€ cêntimos. Não só porque com 0.90€ eu compro somente 1kg de arroz e 4 pães mas também porque ao cozinhar uma simples refeição, mesmo que vindo o frango, as batatas, o loureiro, a salsa, o alho, a cebola, o polvo ou os robalos da própria mão de obra de cada um, e impossível gastar só um único euro com isso, porque todo o gás ou electricidade tem um custo que obviamente ultrapassa os 0.90€ cêntimos. 
Tenho portanto de concluir que é praticamente IMPOSSÍVEL VIVER ou sobreviver com 1 dólar por dia.
Porém, é preciso salientar que tal como Thoreau viveu à margem das mais básicas necessidades, a minha tia vive à margem de tudo aquilo que consegue produzir em casa, evitando a todo o custo comprar o que quer que seja. Mel, especiarias, flores, vinho e etc é tudo "trocado" num comércio "próprio" evitando desta forma comprar esses produtos, obviamente que neste momento como não tem vacas nem cabras tem de comprar o leite e os seus derivados, porém até à bem poucos anos, também produziu esse gado e teve a oportunidade de até esse gasto evitar. De resto compra os produtos "básicos" que não se produz com facilidade como arroz, massa, manteigas, iogurtes etc.
Agora, e tal como começou esta conversa, esta não é a minha vida. Não tenho esta auto-sustentabilidade, porém tenho de afirmar que se alguém consegue viver com, no máximo, 3 a 5 euros por dia, eu também conseguiria, com algum esforço, mas conseguiria. É nisto que Walden me tem feito pensar, e é neste tipo de coisas que nos devemos focar a longo prazo. Hoje em dia acreditar numa auto-sustentabilidade a 0 custos é impossível, porém existem alternativas igualmente económicas de dar a volta à nossa carteira e de nos tempos em que o trabalho é escasso e a procura é muita, encontrar soluções confortáveis.

Nature

Crias coisas neste mundo que me fazem respirar fundo e por isso te escrevo hoje. No silêncio do teu vento procuro a tranquilidade, nas labaredas da fogueira encontro a minha força e nas ondas que afugentas das-me o equilibrio que te peço. Sempre astuta e imprevisível nasces sem qualquer pudor, estas longe do humano conquistador mas como por magia em qualquer parte te encontramos. És a mais bela entre todos, e esse teu característico egoísmo cria maravilhas sobrenaturais. Enfeitiças os seres humano, crias labirintos e quando assim o desejas dominas os demais que por ti passam. És a rainha dos quatro elementos. O teu lado indomável é quem tenta o homem a partir na tua descoberta... Agora que te escrevo quero confessar-te que também eu gostava de te domar ou então de me fundir em ti, porém permaneço quieta e bem de longe observo cada movimento teu, desde a maneira como fazes aquele saco plástico voar até ao singelo pôr do sol. Tu és o meu sonho e o meu medo. Em ti posso voar mas contigo também posso cair. Se pudesse desejar algo desejava a tua longevidade, poder viver como tu vives, ter o privilégio de brotar no meio das amoras, de ser um velho carvalho ou entao de fazer parte de uma irmandade de cogumelos. Natureza, hoje te escrevo e hoje me ouves, deixei enterrado o meu pedido, estou quase a completar as tuas 20 primaveras.

Chapter II - Into the Wild

Dia 3.01.2015 | 17:43h


Este ano comecei-o de forma bastante peculiar, comparada aos anos anteriores. Ao fim de duas semanas a esgotar o stock de lenha que tínhamos armazenado para as épocas festivas, hoje pela manhã fui para buscar um cesto de lenha e deparei-me com ele praticamente vazio, considerando que o frio está longe de se ir embora e como não queremos dar pressa [ao frio] para partir, eu a minha mãe e o meu pai decidimos que não havia nada melhor a fazer que ir buscar lenha.

Como o espaço de armazenamento de lenha que temos cá em casa é limitado, temos constantemente a necessidade de ir abastecendo o stock, este ano foi ainda mais complicado abastecê-lo porque tivemos uma forte época de chuvas que não nos permitiu ir buscá-la. Cá em casa temos o aquecimento central que alimentado pelo gasóleo deixa a casa tão quente como o quente Alentejo no Verão, porém e felizmente os meus pais sempre deram mais valor ao velho ritual da lareira ao invés da outra alternativa e então, a não ser em casos urgentes como secar roupas mais importantes para o dia seguinte, raramente utilizamos o aquecimento central o que é ótimo para a carteira e para o ambiente.
Fomos então, depois do almoço, dar um passeio pelo Monte Galeão e apanhá-mos a lenha que pudemos. Senti-me revitalizada ao começar o ano assim, porque pelo menos naquelas duas ou três horas deixei de pensar em tudo e apenas fui vendo e sentindo aquilo que a natureza me dava tranquilamente, sem pressa nem confusão fui respondendo em uníssono e já há muito que não sentia aquela tranquilidade e paz.
Fiquei encarregue de carregar e empilhar a lenha no carro e apesar da dificuldade em pegar em mais de 8 paus ao mesmo tempo debaixo do braço lá fui fazendo a minha tarefa sobrando-me tempo para procurar folhas, paus mais finos e pinhas. Durante o meu árduo trabalho fui-me lembrando de Thoreau durante a construção da sua casa e das suas investidas pelos bosques do rio Walden à procura de lenha para a sua lareira. Tal como Thoreau, fugia sempre aos trilhos sinuosos da mãe natureza e procurava dentro dela algo aprazível e fantástico, que não se encontra junto da urbanização e da sociedade. Os únicos barulhos que ouvia eram os da serra a serrar a lenha e os do machado a partir os troncos mais fortes.
Pelo caminho encontrei, e mais tarde o meu padrasto contou-me a história toda, um velho e abandonado moinho de vento, que apesar de solitário me pareceu cheio de recordações e histórias. Estou sempre a invejar Thoreau por ter construído a sua casa no meio dos bosques e naquele momento, quando avistei o abandonado moinho, percebi que aquele também poderia ser o meu canto fora do mundo, por meros minutos imaginei que estava ali a construir a minha fortaleza e que deixando a construção tal como estava só lhe acrescentava um teto abrigado para o Inverno mas com uma enorme clarabóia para poder ouvir e ver as estrelas a falar da lua, e construía, com as pedras que ia encontrando pelo caminho, uma lareira para me aquecer nas noites mais frias e a partir destas simbólicas modificações ficaria tudo intacto e natural sem qualquer tapete ou cortina deixando assim a natureza tomar conta daquele espaço, sempre disponível para qualquer aventureiro que quisesse viajar comigo por mundos lunáticos e filosóficos.
Apesar de terem sido meros minutos senti que deixei ali uma construção parte de mim e sei perfeitamente que aquilo de pouco ou nada me será útil uma vez que aquilo é uma propriedade com dono e nunca será minha, porém gostei do misto de sensações que aquele lugar me fez sentir e gostei de igual modo do abraço da natureza. É um lugar mágico, e qualquer um de vocês deveria visitá-lo. Por enquanto vou me deleitando com a lenha que arrecadei e, se mais força o universo me der, mais vezes o irei fazer, no final de contas quem corre por gosto não cansa.

Out of Time

A política foi criada pelo homem, não a política dos nossos dias é claro, mas foi criado por ele um núcleo de modo a garantir a estabilidade e a concórdia para promover a coexistência social necessária para a paz! Será esta minha afirmação verdadeira ou falsa? Até que ponto o objetivo da política (e atenção que falo de política e não de partidos) está perto de manter em qualquer parte do mundo a coexistência entre os seres humanos?
O meu “sistema operativo” hoje deve estar avariado porque eu não encontro em lado nenhum do Mundo uma política que promova tudo o que mencionei anteriormente.

Hoje a realidade para mim é que as pessoas não sabem lidar com a política e não sabem (ou não querem) utilizá-la para responder às verdadeiras necessidades do ser humano e tudo isto é semeado hoje para o dia de amanhã e tem originado frutos, bem peculiares, onde podemos observar uma luta forçada de seres humanos à procura de um estatuto social forte à medida que vai avançando uma guerra silenciosa em que cada partido se ataca mutuamente o que por sua vez não simplifica o esquema e a cada dia que passa ele se assemelha cada vez mais a uma charada e enquanto isso vão se esquecendo que a prioridade do ser humano seria nascer e viver na plenitude e não nascer para viver num labirinto até aos últimos segundos de vida. 
Sim, para mim o mundo é cada vez mais um labirinto e se me pedissem para o caracterizar num cartoon era um labirinto sem solução que eu desenhava e ainda colocava uma legenda dizendo que algo não está a deixar que o ser humano partilhe e desfrute da verdadeira origem de se viver pois ele é constantemente obrigado a procurar uma saída para poder respirar suavemente e desfrutar do simples facto de se estar vivo. E querem que vos comprove isto?

Quantas vezes, é que vocês já pararam para pensar que estão vivos? 
Nunca? 1 vez? 20 vezes? Todos os dias?

Eu não estou a dizer que a vida deve ser pensada ou programada a cada segundo mas ela deve ser vista como um processo e por isso mesmo deve ser apreciada e lentamente saboreada, porque nós estamos vivos mas também podíamos estar mortos certo? 
Sou apologista que se viemos parar aqui é porque não foi em vão portanto foi com um propósito, agora pergunto: Se nós nascemos para atingir um objetivo porque é que, diariamente, existe uma força extra que me obriga a optar por um ou vários caminho que não me vão fazer realizá-lo? E pior ainda: porque é que eu tenho que obedecer a isso se sou livre?

É este processo que a política interrompe. Não é só a política, mas misturada com mais uma centena de "pózinhos de magia" contribui para a vida do ser humano parar e entrar num estado em que existe um objetivo estandardizado e igual para todos onde a intenção não é descobrir a vida mas sim perceber como sobreviver no meio do caos e em como garantir uma estabilidade pessoal de modo a não perder tudo aquilo que se construiu até à data.

Consequentemente isto origina um individualismo humano e que como podem perceber não traz paz nem harmonia, antes pelo contrário torna-se a pólvora de toda a guerra que se vê pelo mundo fora, no entanto hoje estou perita a criticar mas muito má no que toca a resolver o problema em si pois ainda me questiono de qual será a solução? Melhor: Será que existe uma ?
Já à muito tempo que gostava de ter partilhado isto mas nunca consegui formulá-lo em palavras até porque nunca falei com ninguém sobre esta minha perspetiva, como é obvio eu sei que isto está longe de se assemelhar com a realidade mas hoje, ao fim de um dia tão complexo é esta a conclusão que retiro do mundo e daquilo que tenho vivido.

Por um lado acho que a politica é o nosso pilar e sem ela a existência humana seria como o pó porém  acho que aquilo que nos cura também nos pode matar, é tudo uma questão de tempo, a grande questão é: Quanto mais tempo é que nós temos?