Amendoins com manteiga




" -Queres um bocadinho?
-Eu não gosto de manteiga de amendoim.
Já alguma vez provaste?
Não. Mas eu não gosto do cheiro.
E o que é o que o cheiro tem a ver com o sabor?
Tem tudo a ver! É super importante. Eu só gosto de ti porque cheiras a Lavanda. 
Tá bom então."

Perdi-te no comboio



Honey you're familiar, like my mirror years ago

Idealism sits in prison, chivalry fell on its sword
Innocence died screaming, honey ask me I should know
I slithered here from Eden, just to sit outside your door

Simbiose perfeita

Toda a moeda tem um reverso. Toda a roupa tem um inverso. E todo o bem tem um mal. O dia é a minha fonte de energia e eu falo, caramba como eu falo. E penso. Penso. Leio. Estudo. Corro. Como. Ouço música. Danço. Choro. Rio. 
Mas à noite sou um inverso, um oposto talvez, e fico taciturna. Eu fico assustada com isso. Sou uma simbiose perfeita e eu tenho perfeita noção disso. O que é ainda mais assustador. No exato momento que vejo o sol deitar-se tento absorver tudo dele, como se pudesse guardar um reservatório de energia para depôs usá-la como escudo. É como se a noite me conssumisse e eu me tornasse simplesmente num ser volátil adquirindo grande parte das suas propriedades. Como eu gostava que fosse diferente. Que o sol nunca desaparecesse. Que as cores fossem mais do que meros tons escuros e escuros e escuros. Que a claridade fosse tal que me pudesse cegar. Ao invés sou gelo. Sozinha. Fúnebre. Eu nem sei o porquê, e talvez venha daí o meu medo, por muito que tente encontrar uma solução que me conforte não o consigo fazer. É por isso que sou noctívaga, tento canalizar o meu medo e escrevo. Deambulo. Penso. Mas na verdade simplesmente escrevo. Vagueo pelas palavras tornando-as inócuas, legitimando assim a minha ousadia e talvez a minha força. A que não existe. Ou será que existe? Eu fico confusa e com medo. É como se fosse uma prisioneira deste poço escuro. É por isso que eu adoro a luz. O dia. A vida. O vento. Os sentimentos. A folia. A adrenalina. É por isso que vivo. Pela luz. Pelo sol. E um pouco pelo universo. Eu nunca consegui falar ou expressar isto, já tentei procurar uma saída mas ela só é útil por um pequeno espaço de tempo. Depois o caminho volta a ficar tortuoso e eu tenho de voltar a arranjar uma maneira de me soltar. Isto é insuportável, porque é assustador e perigoso. Cansativo. 
Quando me começo a habituar eu deixo de ter tanto medo, acho que é aí que adormeço e que a batalha acaba. Mas a guerra continuará em breve. A melhor parte é  o que se atravessa nesse limbo, o dia. E é aí que eu recarrega baterias, atesto o reservatório e me preparo para outra batalha. Eu acho que um dia vou ganhar a guerra. Um dia eu vou ganhar. Um dia. Ou uma noite. Por enquanto vou vivendo neste corpo e nestes dois mundos. No meio destas duas forças que estão para lá de qualquer universo. 
Estou assustada, tinha de te escrever.

Amoras com amoras se paga.


Quando chegamos a esplanada estava deserta, o tempo era ameaçador mas como tu exploras o mundo nem te atreves a negar a chuva, se chover tu fazes de guarda-chuva. Quero um chá. De frutos silvestres. Sem bichos selvagens nem elefantes. E eu quero um café. Da Arábia. Docemente moído. Muito curto como a mini-saia das meninas no Verão. Sem açúcar. Tenho diabetes. O ar cheirava a musgo molhado. Encontramos uma borboleta e filosofamos sobre a casualidade das coisas. Fizemos de conta que era-mos árvores e descobrimos que ser uma é chato. Imitamos um relógio durante 1 minuto. Criamos um monólogo para o botim daquela senhora e gargalhamos. Chegou o chá. Chegou o café. Ouvimos a rádio. Uma Adele melancólica. Isto deixa-me triste. O inverno devia ser tão colorido como o Verão. E é. Queres que te compre um guarda-chuva colorido? Não acabamos a conversa. Fiz de propósito. E tu também. Obrigado pelos King of Convenience. AI DE TI QUE SONHES LOGO À NOITE. Sorri, o que é isso sonhar?

To infinity and beyond



“A human being is a part of the whole called by us universe, a part limited in time and space. He experiences himself, his thoughts and feeling as something separated from the rest, a kind of optical delusion of his consciousness. This delusion is a kind of prison for us, restricting us to our personal desires and to affection for a few persons nearest to us. Our task must be to free ourselves from this prison by widening our circle of compassion to embrace all living creatures and the whole of nature in its beauty.” ― Albert Einstein

The Dreamers


The Dreamers é talvez um dos filmes mais inspiradores que vi até hoje. Se me pedirem uma sugestão para ver um" filme a minha opção recai sempre para o "Inception", para "Into the Wild" ou até mesmo para "Frida Kahlo" ou o cliché policial "Codigo Da Vinci". Porém a minha bagagem cinematográfica é bastante ampla e vai desde uma Angelina Jolie em ação até um Nicholas Sparks lamechas, e tendo uma vasta panóplia de escolhas existem de igual forma filmes como este [The Dreamers], "Hard Candy" ou "Eternal Sunshine of the Spotless Mind" que me fazem pensar infinitamente em várias banalidades. Dizem que o cinema é um entretenimento fácil e que serve para educar as massas mais urbanas, como uma telenovela. Contudo a minha opinião é um bocado diferente, o cinema obviamente que tem o lado de entretenimento, ocupacional, eu mesmo o uso muitas vezes com esse efeito, porém é ao mesmo tempo muito mais que puro entretenimento e é preciso ver as coisas além delas, como se fossem um vidro. The Dreamers é esse mesmo vidro e apesar de à partida a mensagem ser muito assertiva e objetiva, por trás de pequenos frames é possível extrair pensamentos transcendestes. Eu adorava conseguir partilhá-los com vocês, porém tal não me é possível porque a complexidade do meu pensamento deixa-me presa nesta complicada teia de raciocínio. Partilho com vocês um dos meus pensamentos mais simples, e após a visualização do filme e de uma interessante discussão acerca do mesmo perguntei ao vazio o porquê de existirem janelas, é como se fôssemos pássaros... mas eu questiono-me: se somos pássaros porque não voámos?!? Estou tola? Quem disse que não voamos? No filme eles comprovam que voamos. Na Louvre, na banheira, no quarto, na manifestação, no cinema, na rua à chuva. Só que NINGUÉM acorda para voar... dizem-nos que não temos asas e então andamos. Mas será isso verdade?