Galinha rara com penugem de falcão.

O importante é conseguir descobrir dentro de cada alma a verdadeira essência. A maior parte das pessoas tem-la presa dentro de um corpo mecânico, que sugado por uma rotina citadina não se expressa e simplesmente vive à deriva, deixando-se levar pela maré.
Cabe a cada um de nós cativar essa magia prisioneira e chamá-la para o mundo, para que brilhe tanto como as estrelas, para que se evapore com o chá quente, para que nas asas dos pássaros veja aquilo que pode conquistar e sorrir com aquilo que foi conquistando. 
Eu já parti pelos bosques à procura de umas magias e de umas poções de libertação, cheguei a visitar a lua e o universo. Algumas investidas foram com sucesso, porque já consegui umas dissertações e devaneios da sua parte... agora estou a decidir se lhe peço para sair ao mundo a partir da cabeça ou do coração. Estou confusa.

É verão? Sinto-me como se fosse Inverno.




Nunca é a hora, nunca é o tempo necessário e nunca estamos preparados.

É doloroso de mais ver alguém partir mas é ainda mais doloroso ver alguém ir embora sem dizer um adeus, ver alguém caminhar sozinho e deixar para trás tudo aquilo que se construiu durante uma vida que tão pouco durou. Dói ver partir alguém que está connosco todos os dias da nossa vida, que nos segura a mão quando o mundo desaba, que nos beija a testa quando a noite chega e que resmunga connosco quando chegamos tarde a casa. Dói. Dói muito. Porque isso nunca mais voltar e os humanos, em toda a sua estupidez humana agarram-se ao físico, ao necessário e ao sólido. Aos abraços, aos olhares, aos mimos ou até mesmo à mais silenciosa presença, mas agarram-se e dói porque ESTAVA LÁ, não falavam um com o outro MAS A PESSOA ESTAVA LÁ e isso era o suficiente. E quando de repente damos conta essa pessoa, essa alma foi-se embora. Não disse adeus, não disse para onde ia nem tão pouco me convidou a ir consigo, apenas foi. E nunca mais voltará. 

Dói mais para quem vai ou para quem fica? 
Para quem parte ou para quem partiu? 
Para quem chora ou para quem cala? 

Não se sabe. Apenas dói. E dói com uma intensidade tão grande que só apetece abrir o peito, arrancar fora o coração e deixá-lo longe para não causar mais dor no meu corpo, ou na minha alma ferida. É uma dor cansativa e uma dor insuportável que traz consigo o vazio e o inverno para dentro da nossa alma e para cada esquina da nossa vida. Erguemos um sorriso para fazer de conta que está tudo bem, para dizer ao nosso coração que deixe de doer tanto, para evitar chorar mais e para parecermos fortes, mas a verdade é que é tudo uma capa, uma capa que colocamos sobre os ombros para parecermos heróis, demonstrando que nada nos magoa, nada nos afeta, que estamos bem e que vai ficar tudo bem. (suspiro). Mas não está tudo bem. O mundo está a desabar, somos crias bebés desamparadas longe da sua progenitora e só procuramos um porto seguro onde ancorar, onde chorar, onde gritar. Estamos em dor e em constante sofrimento. Já não sabemos quem somos nem o que fazemos, não sabemos para que servimos nem para que existimos se tudo aquilo que mais amamos na vida nos foi, traiçoeiramente, retirado. A vida já não é justa para nós e Deus já não existe. Só à lugar para dor e tempo para lágrimas, a companhia é o silêncio e a roupa um amontoado de trapos sem sentido e sem lógica. Mas ao contrário de tanta dor ainda acreditamos, bem no fundo da nossa alma, que um dia tudo vai ficar bem, vamos acabar por concluir que nunca mais nada vai voltar ao normal, mas ainda assim vamos seguir em frente. Sabemos ainda que de vez em quando vai doer e vamos sentir saudades e vai nascer nas janelas do mundo rios e oceanos a querer rebentar pelo rosto abaixo mas depois vamos voltar ao real e vamos aperceber-nos que mais tarde ou mais cedo vamos voltar a reencontrá-los e que a saudade e a dor foram apenas mais umas pedras no meio do caminho. 

E um dia, após muitos outros dias, vamos conseguir encontrar a força na dor, vamos olhar à nossa volta e ver que o mundo tem ainda mais para nos dar do que aquilo que tinha antes, a própria vida vai ganhar um sentido diferente e vamos querer vivê-la a dobrar, porque é quase que um favor que lhe vamos fazer, viver pelos dois. Nessa altura chega a essência daquilo para que nascemos um dia, e cada um de nós, a dada altura, vai perceber o seu verdadeiro lugar no mundo. Não vai ser fácil, mas um dia vamos chegar lá.

Libertar o corpo.

Há formas básicas de meditação que todos nós podemos experimentar inicialmente, sem depender de outra pessoa ou de uma ajuda profissional. São pequenos passos que numa fase inicial nos ajudam a preparar a mente, a acalmar o espírito ou a relaxar o corpo. Podes começar por sentar-te numa cadeira, no chão, no sofá ou no jardim, importa que estejas confortável e que o ambiente seja calmo e silencioso. É necessário teres cuidado para não seres perturbado nem interrompido durante pelo menos quinze minutos. Os teus pés devem sentir o chão e as tuas mãos, bem relaxadas sobre as coxas. Se preferires, também podes fazer deitado. 
Depois de estares confortável vai fechando com suavidade os olhos e relaxa por completo o corpo. Deixa que os teus músculos descansem por completo. Comece com 3 respirações profundas, que ajuda a soltar a tensão. Aos poucos vais acabar por sentir o stress a sair dos teu ombros e vais sentir-te cada vez mais relaxado. Aos poucos vai aliviando a tensão de cada parte do teu corpo, começando pelos pés, subindo devagar até chegar a cabeça. Não te esqueças das costas e dos ombros, geralmente são duas das zonas onde acumulamos mais tensão. Respira profundamente pelo nariz e vai concentrando-te na respiração até que se torne suave e regular. O objectivo é que a tua atenção esteja na tua respiração. Caso isso não aconteça e comeces a ser inundado pelos teus pensamentos, simplesmente foca-te na tua respiração. A partir daqui, e uma vez que o teu corpo esteja mais relaxado e livre energias negativas deixa que a tua mente se concentre em ti. Naquilo que és, na tua verdade pessoal. A meditação leva as pessoas ao encontro do seu "eu" mais poderoso e essencial. Não é uma tarefa fácil de alcançar e esse é o lado bom, cada vez que meditamos temos a possibilidade de nos encontrarmos aos poucos. Ao mesmo tempo podemos aprender uma infinidade de coisas que trazem paz de espírito para a nossa vida. Aprender no sentido mais lato, mais ilimitado: aprender a amar. Amar aos outros e a nós mesmos. Esse é o reconhecimento que nos torna simplesmente divinos!

Áurea

Fico boquiaberta ao olhar para ti, para aquilo que tu és e deixas de ser do segundo para o minuto, transformaste de forma tão magnífica e tão veloz. Contemplo-te, és a minha Mona Lisa e eu sou o Leonardo Da Vinci. Eu não sei o que vejo, eu olho para ti e não vejo um corpo nem tão pouco vejo um humano. Vejo uma corda, uma corda bamba, um limbo e isso é desesperante porque eu quero ser como tu, tão livre, tão solta e tão vazia como tu. Não tens membros, não tens tronco, não tens cabeça, não tens nada, tens singelos movimentos que parecem penas suaves, parecem água a cair da nascente. O som dos teus ossos a estalar, o som do teu corpo a cair no chão, os teus pés e as tuas mãos em queda parecem música, aliás, eles fazem música, uma musica sintonizada, cravada em pautas musicais como pontes sobre terras firmes. Que sonho eu estou a ter, que visão do outro mundo é esta. Eu consigo sentir a tua paixão a sair-te dos poros, moveste com uma rapidez ao mesmo tempo deixas para trás o mais dócil movimento artístico. Isto é arte. Isto é música. Isto é amor. Isto é viver. Tu não tens regras nem leis, tens instinto por todo o lado, e tudo o que te circunda é mágico e vibrante. Energia. Energia que iluminava cidades e cidades. Parabéns, tens o poder que mais ninguém consegue ter no mundo. Estou tão perto de ti e consigo ver a forma como te distanciaste de ti e transformaste em vento, que magia é essa? Ensina-me, quero aprender! Quero ser como tu, quero praticar essa magia e ter esse poder, és magnífico. É fenomenal. Isto é ciência. É religião. É fé e talvez quem sabe seja já a minha crença. É um estado de espírito e eu quero possui-lo. Ensina-me, quero viver à tua maneira.

Lovely


A melhor super curta metragem de todos os tempos.
http://www.meandyoufilm.com/

Chapter III - Fugir ao Inevitável

Dia 10.02.2015 | 18:38h


Recentemente li um artigo perdido na internet sobre um jovem que viajou pelo mundo com apenas 1 dólar por dia. Só o título já me deixou presa à noticia e ao contrário do que esperava esta era bem sucinta e sem grande enredo, o título por si só dizia tudo o que era preciso saber, tendo ao todo um parágrafo escrito e uma fotografia do jovem.
Fiquei, como se costuma dizer, com a pulga atrás da orelha. Como é que tal poderia ser possível? Não pensei muito mais no assunto, pensei noutra coisa, que me ocorreu na cabeça após a sua leitura: Quanto dinheiro é que eu gasto por dia? 
O Walden de Thoreau está a ensinar-me uns truques/dicas sobre como fugir a esta problemática, porém é muito difícil para mim lidar com isto quando o trabalho que eu tenho é mais instável que o tempo. Tal como nos anos anteriores aconteceu, o começo do ano é sempre muito complicado porque o nível de clientes baixa e então não são precisos 4 empregados de mesa para atender 2 clientes a comerem um arroz de marisco à modo do So'Paulo. Então é durante estes primeiros meses que eu passo os fins de semana a "tocar viola" porque não posso ir jardinar com a minha mãe, nem posso ir para o restaurante porque não há trabalho. 
Face a tudo isto e supondo que durante o período em que não trabalho não entra dinheiro, como poderia eu somente gastar 1 dólar por dia?
Não poderia! O jovem certamente que mendigava refeições e arranjava empregos instantâneos em troca de alojamento, refeições, roupa lavada etc etc etc, porém não é isto que me assola a alma... Se não é possível viver com 1 dólar por dia, quanto é que é necessário? Existe uma solução? Como pode Thoreau VIVER (sim porque ele vive) sem qualquer remuneração mensal ou diária?
Esta pergunta já é mais fácil: a dica é a auto-sustentabilidade!
Vou apresentar-vos um caso muito específico:
A minha tia produz animais, produtos hortícolas e frutículas. A variedade de legumes e fruta é vasta, porém a de animais resume-se a patos, galinhas, perús, coelhos (uma ou duas vezes por ano), e um porco por ano. Três a quatro vezes por ano faz fornadas de pão e de broa, e para acompanhar ao baile o marido da minha tia é pescador e caçador, e nas horas vagas madeireiro. A juntar a tudo isto só podemos descontar o gasto que ela tem em água e farinhas para os animais, uma vez que todo o estrume e adubo para os produtos hortícolas vem dos animais e o sulfato é caseiro. Aliado a tudo isto vem ainda o excelente pormenor que ela faz trocas comerciais com outras pessoas, por exemplo, quando tem uma época de muitos ovos vende-os em que troca de uma garrafão de vinho caseiro, na altura da matança do porco pede ajuda para a matança e em troca dá cargas de lenha ou sacos de 25kg de batatas como "ordenado". 
Na minha perspetiva, mesmo que eu tivesse a "vida" da minha tia, nem assim conseguiria gastar apenas 1 dólar por dia, considerando que 1 dólar convertido em euros equivale a qualquer coisa como 0.90€ cêntimos. Não só porque com 0.90€ eu compro somente 1kg de arroz e 4 pães mas também porque ao cozinhar uma simples refeição, mesmo que vindo o frango, as batatas, o loureiro, a salsa, o alho, a cebola, o polvo ou os robalos da própria mão de obra de cada um, e impossível gastar só um único euro com isso, porque todo o gás ou electricidade tem um custo que obviamente ultrapassa os 0.90€ cêntimos. 
Tenho portanto de concluir que é praticamente IMPOSSÍVEL VIVER ou sobreviver com 1 dólar por dia.
Porém, é preciso salientar que tal como Thoreau viveu à margem das mais básicas necessidades, a minha tia vive à margem de tudo aquilo que consegue produzir em casa, evitando a todo o custo comprar o que quer que seja. Mel, especiarias, flores, vinho e etc é tudo "trocado" num comércio "próprio" evitando desta forma comprar esses produtos, obviamente que neste momento como não tem vacas nem cabras tem de comprar o leite e os seus derivados, porém até à bem poucos anos, também produziu esse gado e teve a oportunidade de até esse gasto evitar. De resto compra os produtos "básicos" que não se produz com facilidade como arroz, massa, manteigas, iogurtes etc.
Agora, e tal como começou esta conversa, esta não é a minha vida. Não tenho esta auto-sustentabilidade, porém tenho de afirmar que se alguém consegue viver com, no máximo, 3 a 5 euros por dia, eu também conseguiria, com algum esforço, mas conseguiria. É nisto que Walden me tem feito pensar, e é neste tipo de coisas que nos devemos focar a longo prazo. Hoje em dia acreditar numa auto-sustentabilidade a 0 custos é impossível, porém existem alternativas igualmente económicas de dar a volta à nossa carteira e de nos tempos em que o trabalho é escasso e a procura é muita, encontrar soluções confortáveis.

Nature

Crias coisas neste mundo que me fazem respirar fundo e por isso te escrevo hoje. No silêncio do teu vento procuro a tranquilidade, nas labaredas da fogueira encontro a minha força e nas ondas que afugentas das-me o equilibrio que te peço. Sempre astuta e imprevisível nasces sem qualquer pudor, estas longe do humano conquistador mas como por magia em qualquer parte te encontramos. És a mais bela entre todos, e esse teu característico egoísmo cria maravilhas sobrenaturais. Enfeitiças os seres humano, crias labirintos e quando assim o desejas dominas os demais que por ti passam. És a rainha dos quatro elementos. O teu lado indomável é quem tenta o homem a partir na tua descoberta... Agora que te escrevo quero confessar-te que também eu gostava de te domar ou então de me fundir em ti, porém permaneço quieta e bem de longe observo cada movimento teu, desde a maneira como fazes aquele saco plástico voar até ao singelo pôr do sol. Tu és o meu sonho e o meu medo. Em ti posso voar mas contigo também posso cair. Se pudesse desejar algo desejava a tua longevidade, poder viver como tu vives, ter o privilégio de brotar no meio das amoras, de ser um velho carvalho ou entao de fazer parte de uma irmandade de cogumelos. Natureza, hoje te escrevo e hoje me ouves, deixei enterrado o meu pedido, estou quase a completar as tuas 20 primaveras.